No recente fiasco dos resultados do exame no Reino Unido, houve acusações em todas as direções. Gavin Williamson, secretário de Educação, culpou Ofqual. O presidente do Ofqual exigiu que o Departamento de Educação admitisse que estava por trás da reviravolta nas notas. Em seguida, vieram as perdas de empregos de alto nível, seguido por Boris Johnson culpando um ‘algoritmo mutante’.
Quando algo dá errado, o que comumente acontece é que os envolvidos procuram se proteger. Culpar outra pessoa é uma maneira de fazer isso. A pessoa culpada muitas vezes se sente vitimizada e tenta se defender por meio de um contra-ataque. O ciclo de culpa continua, sem ninguém querendo perder a face ou assumir a responsabilidade.
A chave para quebrar esse ciclo é entender a culpa, se afastar da mentalidade de vítima e se concentrar na empatia e na compreensão.
- Por que a culpa é contraproducente. De acordo com o professor Brené Brown, “a culpa é simplesmente a descarga do desconforto e da dor. Tem uma relação inversa com a responsabilidade”.
A culpa é um remédio de curto prazo. Em vez de difundir um conflito no local de trabalho, pode agravar a situação, criar sentimentos ruins entre os colegas e minar as relações de trabalho.
No nível organizacional, a culpa reduz a abertura e a honestidade, porque os membros da equipe que antecipam a culpa têm maior probabilidade de encobrir os erros. Se os funcionários virem os líderes culpando os outros em vez de assumir a responsabilidade por suas ações, é mais provável que façam o mesmo, o que pode levar a uma ‘cultura de culpa’.
Em um nível pessoal, aceitar um erro, em vez de responsabilizar os outros, dá a oportunidade de aprender. Em entrevistas e em seu livro recém-publicado, ‘No Rules Rules’, o CEO da Netflix, Reed Hastings, fala sobre os benefícios de admitir seus erros e como incentiva os funcionários a ver os erros como normais.
Sem essa responsabilidade, a mesma situação pode ocorrer novamente e as oportunidades de melhorar e inovar são perdidas. A culpa também pode afetar a saúde e o bem-estar, estimulando uma atitude negativa, com níveis elevados de raiva, estresse e conflito.
Empatia – reconectando os pontos
À medida que a conexão entre colegas é perdida, o conflito se transforma e cresce. As pessoas costumam entrar no modo de vítima, vendo-se como a vítima e o outro como o perpetrador. E isso é uma via de mão dupla, com cada lado se sentindo impotente.
Para interromper o círculo vicioso de culpa e vitimização, é necessário um olhar mais profundo sobre o que aconteceu, por que certas ações foram tomadas e as reações que se seguiram. Uma parte crucial disso é mostrar empatia.
Empatia é a capacidade de compreender e refletir os sentimentos de outra pessoa. As partes em conflito acham difícil ter empatia, pois geralmente só vêem a situação de um ponto de vista – o seu próprio. Se uma pessoa é capaz de mostrar empatia durante conversas difíceis, a outra pessoa tem mais probabilidade de mostrar empatia, ajudando a se difundir e seguir em frente.
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Perguntas que ajudam a construir uma mentalidade empática
- Estou perdendo alguma informação que possa me ajudar a entender melhor a perspectiva do meu colega?
- Como esta situação está me fazendo sentir? Como essa situação está fazendo a outra pessoa se sentir?
- Como minhas ações estão contribuindo para a situação?
- Existem fatores organizacionais que podem estar influenciando esse problema?
- O que estou aprendendo sobre mim nesta situação?
- O que posso aprender sobre a outra pessoa nesta situação?
- Líderes que demonstram empatia, em vez de culpar, constroem confiança e engajamento.
Deixando de lado ‘algoritmos mutantes’, a empatia se tornará cada vez mais importante à medida que alunos e funcionários são incentivados a voltar à escola e ao trabalho neste mês.
Traduzido e adaptado por equipe Autônomo Brasil
Fonte: Forbes